Dentes cariados ou quebrados são um problema estético e de saúde bucal. Para restaurar os dentes que sofriam com esses traumas, foi utilizado, por décadas, o preenchimento por meio da restauração de amálgama.
A partir de 2019, com a proibição da Anvisa da comercialização da amálgama no Brasil, muito tem se falado sobre os perigos relacionados ao uso do material. E, também, a remoção dessas restaurações tem gerado polêmicas e dúvidas.
Hoje vamos esclarecer mais sobre o uso da amálgama e explicar por que sua comercialização foi proibida no país.
A amálgama é uma liga metálica que leva diversos componentes, entre eles, o mercúrio, reconhecido como metal pesado prejudicial à saúde.
A restauração amálgama era moldada pelo dentista com mercúrio líquido e utilizada para “fechar os buracos” dos dentes que sofriam lesões, evitando assim outros danos à saúde bucal.
Desde 2017 o Brasil é signatário da Convenção de Minamata — resolução que ajuda os países a restringir o uso do mercúrio, adotar alternativas não tóxicas e eliminação da poluição gerada pelo metal pesado, com a finalidade de proteger a vida humana e o meio ambiente.
O Brasil e outros 140 países têm adotados medidas que restringem o uso do mercúrio, porque a contaminação por este metal pesado é danosa à saúde humana e aos ecossistemas. Podendo, inclusive, levar a morte quando há contato de alto grau com o material.
Pessoas expostas ao mercúrio podem desenvolver diversas doenças, desde a má formação fetal até danos neurológicos persistentes. Por isso, a preocupação das autoridades em limitar o uso do componente.
Após a proibição da Anvisa, muito tem se falado na “remoção segura” de amálgama. Para acabar com as dúvidas, o Conselho Federal Odontologia – CFO, por meio da publicação de artigo embasado em pesquisas científicas, se pronunciou sobre o assunto.
No texto, o professor e pesquisador da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, Rafael R. Moraes, esclarece que “em sua forma elementar ou orgânica, o mercúrio oferece, sim, riscos à saúde e ao meio ambiente como poluente, por isso há movimento mundial para redução de seu uso por meio da Convenção de Minamata”.
“Entretanto – continua o autor -, nas restaurações dentárias, o mercúrio está presente primariamente em sua forma inorgânica, que é mais segura e não foi mostrada causar doenças às pessoas. Estudos mostraram que os níveis de mercúrio liberados de restaurações são tão baixos que nem mesmo níveis muito maiores àqueles associados a uma boca cheia de restaurações de amálgama representam perigo à saúde”, exemplifica.
O professor ainda explica que o processo de remoção das restaurações à base amálgama não oferece nenhum dano à saúde: “durante a remoção, o risco de contaminação é ainda menor do que quando o mercúrio era manipulado no consultório. Estudos realizados na época em que o amálgama ainda era muito utilizado mostraram que o uso de irrigação, sugador e isolamento com dique de borracha eram suficientes para filtrar 99,5% do vapor de mercúrio gerado no procedimento e que, mesmo sem o uso de isolamento, os níveis de mercúrio liberados ao remover restaurações eram baixos”, aponta o texto.
Portanto, o maior problema de quem ainda tem uma restauração de amálgama, é estético. Com o avanço da odontologia, muitas pessoas têm preferido realizar a substituição da restauração de amálgama por uma restauração de resina para manter a aparência branca dos dentes.